Licores
A Picota do Jerte, protagonista
Além da exportação das frutas, com vários milhões de quilos de cerejas por ano, o Agrupamento de Cooperativas do Vale do Jerte iniciou, em 1989, um processo de destilação de fruta que hoje é exemplar e que deu lugar ao licor de cereja do Valle del Jerte, o único em Espanha realizado na íntegra com a Picota da nossa terra.
Como remate, a 25 de março de 1991, inaugurou-se a destilaria de aguardentes de frutas num evento que reúne muitas pessoas.
A filosofia do processo assenta em três pilares: fermentação ecológica da fruta, destilação artesanal em alambique e ausência total de colorantes e aromatizantes.
Para a sua elaboração, lavam-se as cerejas, retiram-se os pedúnculos e, sem descaroçar, são trituradas numa batedeira. São colocadas numa bacia, tapadas com um pano e ficam a fermentar num local fresco fora do frigorífico. Passados três dias, escalda-se um jarro de vidro em água a ferver. Quando estiver seco, vertem-se as cerejas trituradas para dentro da aguardente. Fecha-se o frasco hermeticamente e deixa-se macerar durante dois meses.
O passo seguinte consiste em coar por um filtro de pano o licor e depositá-lo no jarro esterilizado. Em seguida, mistura-se o açúcar e a água e, após cozer durante cinco minutos, deixa-se arrefecer e adiciona-se a aguardente de cerejas. Cobre-se e deixa-se macerar durante dois meses. Por último, é engarrafado e está pronto a consumir.
É surpreendente que o kirsch ou aguardente de cereja seja uma especialidade tradicional dos povos do centro europeu sem presença em Espanha. Por isso, a aguardente do Valle del Jerte é ainda mais genuína, se possível, dadas as características tão especiais que a acompanham, com a qualidade própria dos kirsch do centro europeu. O suave paladar, com um profundo travo, próprio das cerejas do Valle del Jerte.
O seu sucesso estendeu-se à aguardentes de framboesas, ameixas e pera e, mais tarde, a licores de excecional qualidade, cuja gama vai da cereja, à ameixa, à amora até à framboesa.
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